Imagem de Pepi
O fóssil foi encontrado no município de Monte Alto, interior do estado de São Paulo, datado entre 85 e 90 milhões de anos atrás.
O Caipirasuchus era um crocodilo terrestre, com cerca de 1,40 m de comprimento e 35 kg de peso; possuía um focinho afilado, com a região posterior alta, de músculos longos, propiciando uma mordida poderosa.
“O fóssil nos indica um animal de espécie e família bem peculiares. Além de totalmente terrestre, o que já não é comum para répteis como os crocodilos, a dentição talvez seja uma de suas características mais interessantes, que o distingue de tudo o que existe agora ou existiu no passado”, afirma Carvalho.
Os dentes com lâminas verticais onduladas sugerem que o Caipirasuchus deve ter sido um animal herbívoro. Fabiano Iori, membro da equipe coordenada pelo professor Ismar de Souza Carvalho, diz: “Outra característica de sua dentição é que está dividida em duas partes: a anterior, para a apreensão de alimentos e a parte posterior, de coroas triangulares e dispostos obliquamente, para processá-los. Tudo indica que também seriam capazes de quebrar conchas de moluscos, que eram abundantes naquela região”.
O crocodilo, da família Sphagesauridae, possuía suas narinas na parte anterior do crânio, como os cachorros. Carvalho afirma “Pudemos analisar todas essas diferenças por ter sido o crânio encontrado completo. Todas essas distinções demonstram que o Caipirasuchus viveu num contexto específico. Sua estrutura craniana aponta para um animal bastante exótico, cujas características mostram que foi um animal específico do território brasileiro”.A forma e a estrutura das mandíbulas indicam que ele tinha uma mordida poderosa; Fabiano acrescenta: “Assim como os outros de seu grupo, o Caipirasuchus vivia em nichos ecológicos que hoje são ocupados principalmente pelos mamíferos. Isso quer dizer que, como os gambás e os quatis, mamíferos que também têm focinhos afilados e se alimentam de raízes, artrópodes, frutos e pequenos vertebrados, o Caipirasuchus possivelmente tinha hábitos onívoros. Cogita-se a possibilidade de que se alimentasse de moluscos bivalves, tal como atualmente faz o jacuruxi, ou lagarto-jacaré”.
Todas essas informações levam a caracterização do ambiente em que viveu o Caipirasuchus; Ismar Carvalho conclui: “São características muito próprias, talvez exclusivas do território brasileiro, com uma fauna peculiar habitando a região onde hoje se localiza o interior do estado de São Paulo. Desvendar a história paleobiológica registrada pelos fósseis ali encontrados conduzirá a construção de uma identidade única para a paleontologia brasileira”.
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