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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

CIÊNCIA, GRILHÕES, OPÇÕES E ARTE: CAMINHOS ABERTOS OU LABIRINTOS SEM SAÍDA?


Imagem: Mauritus Cornelis Escher - Mão com esfera reflectora
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A ciência é vista e tratada hoje pelos museus de ciência como uma manifestação cultural, sempre disposta a falar dos nossos mitos de origem. As ciências da Geologia e da Paleontologia revelam justamente todos os mistérios que envolvem a evolução do Planeta Terra e da vida que nele se desenvolveu ao longo de mais de 4 bilhões de anos. Por esse motivo, foi intento deste Museu buscar uma proposta inovadora para a constituição de seu espaço expositivo, ao apresentar a integração, no Planeta Terra, da geodiversidade e da biodiversidade, acrescendo-se a isso uma discussão problemática entre temporalidades, humana e geológica.
A dificuldade de entendimento da dimensão temporal de formação da Terra apresentada pelas pessoas em geral é bastante evidente, sobretudo em função do distanciamento que as separa do universo de conhecimento das Ciências da Terra. Para aqueles considerados leigos no assunto, é bastante perturbador comparar as temporalidades humana e geológica, tão distintas ente si. Isso porque enquanto nossa expectativa de vida gira em torno dos 73 anos, o tempo de constituição e de vida do Planeta Terra envolve uma história de 4,56 bilhões de anos. Além disso, mesmo se esquecermos a questão do tempo individual e pensarmos no tempo de existência dos primeiros indivíduos da espécie Homo sapiens na Terra, estes surgiram por volta de 70 mil anos, enquanto a vida passou a se desenvolver neste planeta há 3,8 bilhões de anos atrás.
Levar ciência a população implica encontrar uma linguagem acessível, livre de jargões técnicos, sem perder de vista os conceitos. Então, desenvolver produtos artístico-científicos em diferentes mídias é, comprovadamente, uma potente ferramenta de popularização e democratização da Cultura da Ciência.
O ato de reconhecer algo em uma imagem é “identificar, pelo menos em parte, o que nela é visto com alguma coisa que se vê ou se pode ver no real”. Embora essa seja uma definição perfeitamente aceitável de modo geral, como adaptá-la à realidade da Geologia e da Paleontologia? Ambas são ciências que buscam reconstruir a história do planeta Terra e da vida que nele existiu. História essa que lida com organismos e cenários ambientais que não existem mais na atualidade e que são, muitas vezes, estranhos ao olhar contemporâneo.
Em função dessa estranheza, nasceu a Paleoarte, com o objetivo de aproximar da sociedade pesquisas paleontológicas e geológicas, por meio da apresentação visual de diferentes formas de entendimento dos antigos cenários de vida do planeta. Em outras palavras, a paleoarte surgiu para possibilitar a construção de simulacros representativos de vidas e ambientes, ao mesmo tempo próximos e distantes do que conhecemos hoje. Isso porque ela lida com o diferente através de elementos imagéticos reconhecíveis, permitindo que a imagem sirva à descoberta do novo.
De acordo com os princípios gerais de divulgação científica, ou seja, com o preceito de que divulgar não é ensinar, não é mitificar a ciência e, sobretudo, é despertar o espírito crítico, a paleoarte, a representação de animais, vegetais e paisagens do Passado Geológico da Terra, é talvez a mais utilizada e mais eficiente ferramenta de apresentação de resultados de pesquisa e teorias geocietíficas.
Sua ampla diversidade estética e técnicas de apreensão visual, emotiva e racional possibilitam que atinjam um amplo público, e o aspecto artístico e imagético tornam prazeroso, pessoal e instigante o processo de aprendizado. Muitas vezes o simples contato com este tipo de mídia possibilita a sensibilização à Cultura Científica por crianças, adolescentes e adultos de qualquer nível escolar ou social.

Texto de Felipe Mesquita de Vasconcellos

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